Também conhecido como neoplasia nas mamas, o câncer de mama é caracterizado pelo crescimento de células cancerígenas no tecido mamário.
Este tipo de câncer ocupa a segunda posição em incidência entre as mulheres, sendo superado apenas pelo câncer de pele.
Porém, embora os números sejam preocupantes, é preciso destacar que nem todo tumor mamário é maligno.
Além disso, quando diagnosticado e tratado nas fases iniciais, as chances de cura podem atingir até 95%.
Por isso, é essencial que as mulheres realizem consultas anuais com a ginecologista e realizem exames de rotina periodicamente.
O que é o câncer de mama e quais são os principais fatores de risco associados a essa condição?
O câncer de mama é uma doença provocada pela multiplicação desordenada de células que compõem os tecidos que formam a mama.
No Brasil, assim como no mundo, é o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres, cerca de 60 mil novos casos por ano, segundo o INCA, o Instituto Nacional do Câncer.
Apesar do alto número de incidência, observa-se um aumento nos índices de cura.
Isso se deve à melhoria na eficácia dos tratamentos utilizados e ao crescimento dos diagnósticos precoces por meio de exames de rastreamento, como ultrassonografia e mamografia.
O desenvolvimento do câncer de mama está associado a uma combinação de fatores de risco, como por exemplo:
- Idade, ocorrendo geralmente após os 50 anos e raramente antes dos 35 anos;
- Histórico familiar de câncer de mama, principalmente em familiares de primeiro grau;
- Não amamentação (fato associado principalmente à gestação tardia ou à ausência de gestação);
- Início precoce da menstruação e menopausa tardia;
- Ingestão de bebidas alcoólicas (o aumento de risco é proporcional ao consumo);
- Uso de terapia de reposição hormonal por um longo período;
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Mamas densas constatadas nos exames de imagem;
- Antecedente prévio de carcinoma ductal in situ*, carcinoma lobular in situ* ou hiperplasia atípica da mama;
- Exposição à radioterapia na juventude;
- *In situ se refere a lesões pré-tumorais.
Quais são os sintomas mais comuns que podem indicar a presença de câncer de mama?
Inicialmente, é fundamental deixar claro que, na maioria dos casos, o câncer de mama é assintomático e os sintomas sugerem quando a doença já está em um estágio mais avançado.
Os sintomas mais comuns que podem indicar a presença de câncer de mama incluem:
- Palpação de nódulos;
- Dor ou desconforto;
- Alterações na pele, incluindo vermelhidão, inchaço ou feridas;
- Assimetria no tamanho das mamas;
- Presença de corrimento no mamilo.
Assim, se você notar algum desses indícios, é preciso marcar uma consulta com a ginecologista imediatamente.

Quais métodos são utilizados para detectar essa condição?
Além da avaliação clínica das mamas, exames de imagem, como mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética, podem ser recomendados.
A mamografia é um exame fundamental no diagnóstico dessa doença e traz a classificação BI-RADS, que pode gerar dúvidas nas pacientes.
Esta é uma escala que vai de 0 a 6, sendo baseada nos achados do exame, e aponta qual o diagnóstico e sugestão de conduta. Em linhas gerais, quanto maior o número na escala, maior a chance de malignidade da doença.
No entanto, a confirmação diagnóstica é obtida por meio de biópsia e análise fisiopatológica, que fornece informações adicionais sobre a lesão, incluindo a expressão de marcadores ou receptores hormonais.
É preciso esclarecer que os programas de detecção precoce, que incluem avaliação médica, mamografia e autoexame, têm contribuído significativamente para a detecção do câncer de mama.
Assim, a maioria dos tumores de mama é diagnosticada em estágios iniciais, proporcionando a oportunidade de alcançar a cura.
Quais são as opções de tratamento para o câncer de mama?
Cada caso de câncer de mama é individualmente avaliado para determinar a abordagem mais eficaz em termos de cura e preservação da qualidade de vida.
Dentre as opções de tratamento disponíveis, destacam-se:
Cirurgia
A cirurgia pode envolver a realização de uma mastectomia, que é a remoção completa da mama, ou uma abordagem mais conservadora, envolvendo a remoção parcial da mama, incluindo o tumor e áreas circundantes.
Contudo, em situações localmente avançadas, pode ser necessária uma mastectomia radical, que envolve a remoção da mama e dos músculos peitorais subjacentes, embora este procedimento esteja cada vez menos frequente.
É importante ressaltar que, nos casos em que a cirurgia cause uma deformidade estética considerável na mama afetada, a programação de cirurgias reconstrutivas é comum, seja durante o tratamento ou nos meses subsequentes.
Radioterapia
A radioterapia é utilizada para complementar o tratamento no local do tumor, visando destruir as células cancerosas remanescentes após a cirurgia.
Quimioterapia
A quimioterapia utiliza medicamentos para destruir as células cancerosas e é frequentemente aplicada em conjunto com a cirurgia e/ou radioterapia.
Pode ser administrada antes ou depois da cirurgia, principalmente em casos mais avançados, que requerem um controle sistêmico do câncer.
Terapia hormonal
Empregada para bloquear os hormônios que estimulam o crescimento das células cancerosas em lesões que apresentam receptor hormonal positivo.
Terapia-alvo
Este tratamento mais recente utiliza medicamentos específicos para bloquear as proteínas que facilitam o crescimento e a divisão das células cancerosas.
A especialista, após uma avaliação criteriosa, escolherá as opções mais adequadas para o caso da paciente e vários fatores são considerados, incluindo:
- Estadiamento: pacientes com tumores iniciais podem ser candidatas à cirurgia conservadora, seguida de radioterapia, sem a necessidade de quimioterapia. Tumores grandes podem exigir quimioterapia pós-operatória (neoadjuvante);
- Tipo de câncer: pacientes com câncer de mama com receptores hormonais podem receber hormonioterapia após a cirurgia, enquanto aquelas com expressão de HER2 podem ser tratados com terapia-alvo que age diretamente na proteína HER2;
- Estado menstrual: o tratamento para câncer de mama em mulheres na pré-menopausa difere significativamente da abordagem para aquelas na pós-menopausa. Essas diferenças podem influenciar a necessidade de quimioterapia preventiva e o uso de medicamentos para suprimir a função
Qual é a importância do acompanhamento pós-tratamento e da detecção de recorrência do câncer de mama?
A importância do acompanhamento pós-tratamento e da detecção de recorrência do câncer de mama é fundamental para garantir a eficácia contínua da abordagem terapêutica e a qualidade de vida da paciente.
Após o tratamento inicial, manter um acompanhamento regular com a equipe médica é crucial para monitorar a resposta ao tratamento, identificar possíveis efeitos colaterais e, principalmente, detectar precocemente qualquer sinal de recorrência.
Além disso, o suporte psicológico e emocional durante o acompanhamento pós-tratamento é igualmente importante, uma vez que os desafios emocionais podem se prolongar para além do período de tratamento.
Como prevenir essa condição?

Geralmente, recomenda-se que, a partir dos 40 anos, todas as mulheres realizem a mamografia anualmente.
Entretanto, dependendo de fatores de risco e histórico familiar específicos, a especialista pode sugerir iniciar mais cedo a rotina de acompanhamento e exames preventivos.
Assim, a avaliação médica é essencial, tanto para determinar a idade de início e o tipo de exames necessários, quanto para adotar outras medidas, como o uso de medicamentos preventivos.
Além disso, um estilo de vida saudável é um aliado importante na prevenção do câncer de mama, assim como de outros tipos de câncer e doenças.
Isso requer a prática regular de atividade física, uma alimentação rica em frutas, fibras e vegetais, e a moderação no consumo de bebidas alcoólicas.
Reforçamos que é imprescindível manter as consultas médicas em dia.
Em caso de dúvidas ou ao detectar qualquer tipo de alteração nas mamas, agende uma consulta com a ginecologista o quanto antes para receber um encaminhamento adequado!
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Formação da Dra. Graziele Cervantes
- Ginecologista e Obstetra formada pela Maternidade Darcy Vargas - SC em 2016;
- Especialização em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2016-2018);
- Curso de Imersão em Laparoscopia em Clermont-Ferrand, França (2019);
- Especialização em Longevidade e Medicina Ortomolecular;
- Médica Assistente do Setor de Endoscopia Ginecológica e Endometriose da Santa Casa de São Paulo;
- Professora da Pós Graduação de Videoalaparoscopia e Histeroscopia da Santa Casa de São Paulo - NAVEG;
- Mestra da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.